Em Meridiano de Sangue , Cormac McCarthy recorre a uma série de acontecimentos historicamente factuais para estruturar o enredo do romance que é, na opinião de Harold Bloom, "o maior feito estético da literatura americana contemporânea." No rescaldo da guerra travada entre os Estados Unidos da América e o México, durante os anos de 1846 a 1848, na qual os mexicanos cederam mais de um milhão de metros quadrados de territórios aos seus vizinhos omnívoros do norte, o ímpeto expansionista e aculturador americano adquiriu um vigor acrescido. Em termos concretos, esse vigor traduziu-se - como seria expectável - na perseguição e aniquilação dos povos indígenas e mexicanos. Logo na primeira página, Cormac McCarthy instala-nos desconfortavelmente no aposento das trevas: "Vede o menino. É pálido e magro, traz no corpo uma camisa andrajosa de fino linho. [...] A mãe, morta nesse dia, há catorze anos, incubou no próprio seio a criatura que havia de lhe pôr fim à vida. O pai nu...