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Curiosidades etimológicas

Todas as palavras têm uma história. O ramo da Linguística que se dedica ao estudo das palavras chama-se Etimologia. Na língua galega, existe um termo que descreve com bastante expressividade a sensação que nos visita ao ouvirmos algumas histórias referentes à génese de certos vocábulos: engaiolante. Engaiolante é um adjectivo que designa algo fascinante e sedutor, algo que nos aprisiona (engaiola) num halo de espanto. Vejamos, por exemplo, a origem da palavra galhofa

O que é que nos vem à cabeça quando se fala em galhofa? Esqueça, caro leitor, o facto de a pandemia ter suspendido a galhofa por um período temporal indeterminado. O termo galhofa faz-nos pensar automaticamente em espaços ruidosos e alegres, em festas repletas de riso e diversão. De facto, qualquer dicionário confirmará a justeza de tais pensamentos. Galhofa é sinónimo de riso, de alegria, de festa, de brincadeira. Então, de onde provém este termo que nos deixa tão bem dispostos só de ouvi-lo? Por muito estranho que possa parecer, a resposta a esta pergunta está totalmente relacionada com Santiago de Compostela. 

Durante a época medieval, Santiago de Compostela foi um dos grandes centros europeus de peregrinação. Milhares e milhares de cristãos, oriundos dos mais diversos pontos da Europa, rumaram a Santiago com o propósito de expurgarem os seus pecados, garantindo, assim, a entrada na eternidade celeste. Mas, como é sabido, nem só de céu vive o homem; também precisa de comer. 
     Segundo os linguistas, o termo galhofa deriva de - e agora cito o professor Fernando Venâncio - "galli ofa, 'merenda' ou 'bucha' oferecida a peregrinos, que eram sobretudo franceses, galli." A pobre merenda dada aos pobres peregrinos era composta por couve-galega, legumes e, em dias de sorte, um bocado de carne. Tendo em conta a austeridade alimentar característica da época medieval (e não só da medieval), era natural que a distribuição das refeições decorresse numa atmosfera de compreensível balbúrdia: o caminho percorrido era longuíssimo, o cansaço acumulado ao longo de incontáveis semanas ou meses era enorme, e a fome era aflitiva. Portanto, a chegada de grupos numerosos a Santiago de Compostela acontecia inevitavelmente no meio de uma assinalável desordem, vozearia e folia. Ou seja, um ambiente da mais pura galhofa. Assim se construiu a história desta palavra. 

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