Cena do filme Force Majeure Gostamos de afagar a nossa consciência imaginando que também nós adoptaríamos um comportamento heróico e nobre se fôssemos confrontados com uma situação limite, in extremis . Quando as forças elementares e primárias da vida e da morte entram em cena, quantos de nós teríamos o poder de agir segundo as leis do dever e da moral? Poucos, atrevo-me a dizer. Dos fracos não reza a história , afirmou solenemente Camões. De facto, são os fortes que figuram nos manuais de história, não são os fracos. Mas a verdade é que o olhar histórico será sempre incompleto se não se debruçar sobre os fracos. Por muito que nos custe, a realidade não é um bloco monocromático. Quando arriscamos ir mais longe, quando penetramos na obscuridade, é natural que aí encontremos indecências, vilezas e fraquezas inconfessáveis, visto que é também dessa mixórdia que nós somos feitos. Devo estas observações à circunstância de ter assistido recentemente ao filme Force Majeure (2014), do realizad...